Imagine. Todo dia você deixa rastros digitais por onde passa. Um cadastro no banco. Uma compra online. Uma foto postada nas redes sociais. Um clique que autoriza acesso à sua localização. Individualmente, parecem insignificantes. Reunidas, essas informações formam um retrato quase completo de quem você é — suas finanças, seus hábitos, seus medos, suas esperanças. E alguém em algum lugar está tentando vender esse retrato.
No Brasil, dezenas de milhões de CPFs foram vazados. Dados bancários circulam livremente na dark web. Informações pessoais estão sendo negociadas por criminosos como se fossem commodities. O pior não é que seus dados vazaram. É que você provavelmente nem saberia como proteger-se.
Munidos de seu CPF, nome, data de nascimento e e-mail, fraudadores conseguem acessar sua conta bancária, solicitar empréstimos em seu nome, abrir contas de crédito, fazer compras que você pagará depois. Cada uma dessas ações deixa cicatrizes em seu score de crédito e no seu histórico financeiro. Algumas levam semanas ou meses para serem revertidas. Outras deixam marcas permanentes. Além do lado financeiro, há algo ainda mais danoso: a sensação de violação. Saber que pessoas desconhecidas têm informações íntimas suas causa ansiedade e perda de confiança.
A Lei Geral de Proteção de Dados brasileira foi criada justamente para você. Significa que você tem direito de saber exatamente quais dados uma empresa coleta. Tem direito de saber para que estão usando esses dados. Tem direito de pedir correção se uma informação está errada. Tem direito de pedir que seus dados sejam deletados. E, mais importante, tem direito a ser notificado rapidamente caso seus dados vazem. Se uma empresa não respeita esses direitos, pode reclamar ao Procon ou processar por danos morais.
A proteção de dados não é responsabilidade apenas das empresas. Também é sua. Leia os termos de uso antes de clicar em “concordo”. Use senhas fortes e diferentes para cada serviço. Monitore suas contas regularmente. Confira seus extratos bancários e seu histórico de crédito. Mas a responsabilidade não é só sua — as empresas que você confia com seus dados têm obrigação de protegê-los.
Proteção de dados deixou de ser assunto para especialistas. É assunto seu. É assunto de cada pessoa que usa internet, que tem conta em banco, que compra online. Quanto mais pessoas entendem seus próprios dados, melhor. Empresas tomam segurança mais a sério quando sabem que clientes estão atentos. E o mercado digital se torna mais seguro e confiável para todos.
Seus dados não são apenas números em um computador. São você. Sua história financeira, seus hábitos, suas preferências, suas vulnerabilidades. Merecem proteção. E você merece saber que está protegido.



